Dos momentos

Postado em: outubro 29, 2010 por Marcio Carvalho em

Descobriu uma maneira de parar todos os relógios do mundo.

E naquela tarde, um segundo durou o tempo de uma vida.

Viajaram juntos.

Subiram o Empire State, viram a cidade que ia até o horizonte em todas as direções.

Sentaram-se juntos nas pedras, em frente ao mar.

Caminharam por ruas antigas, observando todas as pessoas congeladas em seu momento infinitamente duradouro.

Observaram abraçados as estrelas do céu, enquanto ele fazia desenhos de constelações com a ponta do dedo.

Fizeram amor num parque. E no saguão de um palácio. Amaram-se em cantos escuros e em uma roda gigante.

Juraram amor eterno.


E brigaram e fugiram um do outro.

Percorreram o mundo sozinhos, só para se encontrarem novamente.

Ela escreveu para ele um poema que nunca foi lido.

Ele a pintou em cores e formas e texturas nunca mais vistas.

No silêncio de um mundo paralizado, foram felizes.

Mas o amor eterno foi só por um momento.

E no fim daquele segundo, o mundo voltou ao seu ritmo.

Ela se despediu dele com um beijo estalado na bochecha.

Ele ficou vermelho, enquando observava ela ir embora.
 

Should I?

Postado em: por Marcio Carvalho em

I should go to sleep.
I should let all the things that I`m feeling now behind and just forget you.
I should try this other road.
I should change my beliefs.
I should forget all the people that make me feel as I am the least important person alive.
I should try to feel less unconfortable around people I don't know.
I should spear more with my friends. The real ones, I mean.
I should not let this need for attention fill up all the remaining hours of my day.
I should not believe in anyone that says that love dies.
I should look at the moon all the nights.
I should make another tatoo.
I should hold you tight before you go.
I should say that I love you.
I should never let you go.
I should love you like there's no tomorrow.

Because in the end all the things that matter are the ones we should have done.

Sobre ser feliz

Postado em: outubro 18, 2010 por Marcio Carvalho em

O que prefere?

O hoje ou o amanhã?
 

De absurdos

Postado em: por Marcio Carvalho em

Vivo em momentos. Em fatias de tempo que são eternas enquanto existem.

Quero agora. Não sei o que vai ser do depois. Não sei o motivo no passado que me fez querer.

Sigo uma estrada de curvas fechadas, sigo um caminho em desfiladeiro.

Lá embaixo há um abismo que me atrai tanto quanto o meu destino seguro.

E sei que em muitos momentos o desejo do abismo é maior.

Viver tem sido isso, a luta infinda entre dois caminhos.

Alguns dias sou abismo, alguns dias sou estrada.

Mas a maioria deles sou limiar.

Tatuagem

Postado em: por Marcio Carvalho em

Quer marcar o corpo, como quem assina um documento.

Quer marcar o momento na sua pele.

Porque ele não pode ver a marca em sua alma.

De pactos, segredos e lágrimas

Postado em: por Marcio Carvalho em

Ela cede ao imperativo do próprio corpo e beija-o violentamente, com a intensidade de alguém que luta contra si mesmo.

Não há sons além de gemidos e o barulho rápido da respiração deles. Ela prefere que seja assim. Teme que se alguma palavra for dita, todo o momento pode ser perdido, sobrando-lhe só a vergonha e o desejo não satisfeito.

As roupas caem ao chão, jogadas. Não há delicadeza, não há cuidado. Estão ali para atrapalhar. Estão ali só para lembrar que lá fora há um mundo com regras. Mas dentro daquele quarto as regras do mundo externo estão banidas.

Os corpos se tocam, lânguidos, em busca um do outro. Ela se sente quente. Ele a segura firme e a deita na cama.

Os olhares se cruzam. Segredos são trocados entre as batidas de dois corações.

Os corpos se cruzam. Ela o puxa para si com força.

Não é sexo que eles estão fazendo. Tampouco eles fazem amor.

Ela sabe que eles estão fazendo um pacto.

Ela quer sentir a alma dele dentro de si. Ela quer que ele nunca saia de dentro dela. Ela quer que as roupas jogadas no chão nunca mais sejam usadas. Ela quer que a porta do quarto nunca mais seja aberta.

Os sentimentos que ela experimenta ali, naquele quarto são novos. Seu coração enche-se de repostas pela primeira vez.

Uma lágrima escorre brilhante do rosto dela e some em direção ao colchão.

Ela quer morrer ali. Porque qualquer outra alternativa seria insuportável.

Das dores

Postado em: por Marcio Carvalho em

Há dores que se sente porque são necessárias.

Há momentos em que só a dor nos faz enxergar direito.

Em outros, ela cega, tira a perspectiva, elimina esperanças.

E há dores que são belas, mesmo sendo dor, pois só elas nos fazem pensar que senti-la é melhor que passar pelo mundo sem sentir nada.

Pois o vazio é pior que a dor.