De fumaças, espelhos e sonhos

Postado em: abril 09, 2010 por Marcio Carvalho em

A fumaça dança, espessa, fantasmagórica... e aos poucos parece ir tomando o mundo à nossa volta. as pessoas, as mesas; o mundo parece encoberto dessa névoa. Tudo fica pálido, sem cor e distante frente àqueles olhos.

Me sinto preso, nasci assim, morrerei assim. Preso à uma promessa velada, mais antiga que eu, maior do que eu. Me sinto preso e nu, criança maravilhada com a descoberta de algum segredo dos adultos.

Me sinto distante de mim. Não sou eu mesmo, agora. Sou seu. Sou o que quiser de mim.

Olhe para mim. Quero que olhe para mim e mais nada. Quero que o resto do mundo acabe agora e que o fim de tudo seja um início para nós.

Da vida

Postado em: por Marcio Carvalho em

Na televisão, uma mãe que parece mais nova que eu chora a perda de um filho. Eu não sei o que é isso. Não sei o que é isso. Não sei o que é segurar uma criança nos braços, colocá-la para dormir, sorrir e sentir em meu peito que sou a pessoa mais importante da vida dela. Não sei o que é perder alguém que seja mais importante do que a vida de todas as outras pessoas do mundo. Não sei o que é ter o amor incondicional, intransferível, indelével de alguém.
Aquela mãe chora a perda de uma vida que não conheci.

No escuro da sala, invejo a tristeza dela.

Dos silêncios que gritam em mim

Postado em: por Marcio Carvalho em

O mundo parece estar acabando, lá fora. Pessoas mortas, crimes, a natureza se revoltando. O medo está transformando minha cidade adotada em um local vazio à noite. E ainda assim você e eu fingimos que está tudo bem. A urgência grita e nós nos escondemos atrás de muros de silêncios e de palavras vazias.

Há um vazio no meu mundo. Um vazio com a forma do seu olhar.