Da certeza

Postado em: dezembro 31, 2010 por Marcio Carvalho em

Tenho a certeza em mim.

E é ela quem machuca, mais do que a negação, mais do que a dúvida.

É ela quem corrói os pensamentos.

É ela quem ataca os sonhos.

E é ela quem me faz acreditar.

Da poesia

Postado em: por Marcio Carvalho em

Nos sonhos encontro a realidade que o mundo insiste em transformar em devaneio.

Vivo nos lampejos de beleza que o mundo me proporciona.

Neles me alimento, deles me nutro.

Absorvo a dor de viver, percebo seus detalhes, aprecio a clareza que ela me traz.

Assim encontro minha poesia.

Da tristeza

Postado em: por Marcio Carvalho em

Pior que a raiva é o esquecimento.

Da morte

Postado em: dezembro 29, 2010 por Marcio Carvalho em

A morte é a ausência de amor.

A morte... é a ausência de você.

Do que não é dito

Postado em: por Marcio Carvalho em

Em cada curva do seu corpo mora um poema esperando ser escrito.

Da chuva

Postado em: por Marcio Carvalho em

A gota escorre pela janela.

Dentro dela há um mundo refletido.

Ela faz seu caminho sinuoso,  em direção ao nada.

Na sua vida breve, ela encerra em si toda a poesia.

Frágil e bela, única, inesperada, sensual.

Do fim do mundo

Postado em: por Marcio Carvalho em

Finjo que o mundo termina toda vez que tenho que dizer adeus.

e finjo que ele é recriado cada vez que a vejo.

Assim é como deveria ser. Pensar em qualquer outra possibilidade é complicado demais.

Do que é preciso

Postado em: por Marcio Carvalho em

"Não precisa fazer isso por mim."

"Preciso. E quando entender que eu preciso, você e eu vamos nos entender tão melhor."

De mim

Postado em: por Marcio Carvalho em

Não há respostas em mim.

Mas encontrarás aqui as perguntas que sempre procurou.

Não sei do futuro.

Sei do que há agora, sei do que é preciso.

Não tenho a cura para o medo.

Mas sei que onde o medo perde o sentido.

Não falo de amor calmo.

Falo de entrelaçamento de almas e corpos.

Não sei prometer o infinito.

Sei entregar-me todo.

Da verdade

Postado em: por Marcio Carvalho em

Afasto você de mim.

E te sigo.

Nego o que quero

E sonho todas as noites.

Digo que não.

E grito que sim.

Estendo a mão e espero o nada.

Complexo.

Só sei viver a complexidade.

A simplicidade é para os fracos.

Da noite

Postado em: por Marcio Carvalho em

O silêncio corta tanto quanto a navalha.

Mas o sangramento não pode ser estancado.

Dos pedaços

Postado em: por Marcio Carvalho em

Percorro com os dedos as curvas de seu corpo.

De olhos fechados, em silêncio. Quase um ritual.

Absorvo todas as sensações: a textura, o calor, os gemidos, a respiração entrecortada.

Depois, olho para você com a intensidade de quem diz adeus.

Seus olhos são um poço onde os meus mergulham até se perderem.

Guardo em mim o gosto do seu corpo, a boca, a língua.

E tudo é forte e novo, real e devaneio.

Você tatua minha alma com fogo, gozo, dente e unha.

Da melancolia

Postado em: por Marcio Carvalho em

Minha velha amiga está de volta.

Sempre companheira em momentos como esse.

Quando o dia terminar, quando os sons da vida cessam, quando os pensamentos insistem em viajar para lugares escuros e frios, eu sei que ela não demora.

Mel, doce e ácida melancolia.

Minha amante mais fiel. Seu abraço é silencioso e duradouro.

Com seus dedos negros, toca fundo meu coração.

Faz calar as batidas, leva embora qualquer vestígio de calor.

Ela me sussurra que a esperança é uma lenda, enquanto acaricia meus cabelos.

Seus olhos refletem minha alma em um mundo vazio de sentido.

Desejo e repudio seus carinhos com a mesma intensidade.

Sei que ela me ama tão intensamente quanto é possível.

Sei que ela sempre estará lá, ao meu lado.

Sei que as portas de sua casa sempre estarão abertas.

Basta que eu me permita.

Da morte

Postado em: dezembro 27, 2010 por Marcio Carvalho em

Não tenho medo da morte.

O que pode ela me fazer sofrer que meu coração já não tenha feito em vida?

Dos poetas

Postado em: por Marcio Carvalho em

Por que me é tão claro o caminho a seguir,

Mas é tão difícil alcançá-lo?

Me chamaram de poeta

E disseram que a poesia era perfeita.

Mas nessa noite eu recuso esse caminho,

Eu largo papel e pena, palavra e música.

Nessa noite sou homem, sou mortal, sou imperfeito

E nessa revolta, encontro meu destino.

Pois o que todo poeta quer é ser amante.

Em pedaços

Postado em: por Marcio Carvalho em

Seu mundo foi construído aos poucos. Pequenos pedaços, peças que se encaixaram mesmo quando ela sabia que eram quase impossível que ali estivessem.

Ela tem orgulho da construção. Admira-a. Protege-a enquanto é possível.


E todo dia uma peça é acrescentada. Feita com pensamentos, emoções, diálogos, experimentos, certezas, sorrisos e choro.

A construção aos poucos toma a forma de sua imagem.

Mas ela sabe que falta-lhe uma peça.

E ela sabe onde encontrar esse pequeno pedaço de si. E ela sabe que mesmo que construção a cada dia fique mais e mais parecida consigo mesma, ela nunca vai estar completa.

Pois falta-lhe um pedaço do coração.

Da eternidade

Postado em: por Marcio Carvalho em

Eternidade feita de pequenos momentos.

Em palavras ditas em sussurros num quarto escuro.

Vida disfarçada em busca incessante.

Certeza de que apenas o final do caminho é inexorável.

Tudo o mais é fluido, temporário e incerto.

Como um adeus vacilante.

Não gosto de despedidas. Não gosto de conclusões.

Queremos decisões demais. Queremos explicações demais.

Quando foi que o sentir perdeu o sentido?

Do que se entrega

Postado em: dezembro 23, 2010 por Marcio Carvalho em

Um pacto foi feito.

Em silêncio, em uma troca de olhares, um pacto é realizado.

Do que se vê

Postado em: por Marcio Carvalho em

Porque em mim você é perfeita.

Do que causa dor

Postado em: por Marcio Carvalho em

Minha alma dói.

É uma dor fraca às vezes. E às vezes tão forte que ela parece ser a maior do que se pode aguentar.

Minha alma deixa pedaços de si pelo mundo.

Em pessoas, lugares. Em momentos.

E esses pedaços não a diminuem. Eles a tornam maior.

Do que nunca morre

Postado em: por Marcio Carvalho em

O amor nunca morre?

Pode um sentimento humano ser tão forte diante de todas as incongruências da vida, diante de todos os erros, diante de todas os desencontros que dure o tempo de uma vida inteira?

Se se ama alguém e deixa-se de conviver com a pessoa amada, o amor enfraquece até se tornar apenas um conjunto de lembranças boas, uma nostalgia?

Se um dia mudamos, é possível apenas olhar em outra direção e caminhar? Teria a pessoa outrora amada se tornado uma uma desconhecida?

Eu acredito no amor.

Eu acredito que o amor possa durar uma vida. Acredito que quando se ama realmente e verdadeiramente alguém, esse amor sobrevive.

Podemos seguir caminhos diferentes. Podemos deixar o medo ser mais forte que o amor em algum momento. Podemos sucumbir à raiva, ao desejo, à toda sorte de emoções que nos fazem humanos e falhos, mas o coração mora na nossa parte que é mais perto da divindade.

Eu amo. Sei que amo, sei que esse sentimento é maior que todas as coisas pequenas, mesquinhas e perdidas que existem em mim.

E sei que esse amor não vai morrer.

Da cumplicidade

Postado em: dezembro 14, 2010 por Marcio Carvalho em

O corpo dela é quente. Eles se tocam, se buscam.

Há uma urgência nos movimentos dos dois.

A luz é fraca, o ar é denso de significados.

O gosto dela é bom. As bocas se encontram, se misturam.

Ele segura firme o corpo dela perto de si.

Eles se olham. As mãos dele descem as curvas das costas dela.

Ela curva seu corpo perto do rosto dele. Ele sente a textura da pele dela com a língua.

Os corpos falam em gemidos e silêncios, em olhares, bocas, gostos, toques.

Os corpos falam e o mundo se cala.

Do viver

Postado em: por Marcio Carvalho em

Aprendi a me arrepender apenas por erros que cometi.

Aprendi a deixar o coração falar e a razão escutar.

Encontrei as maiores explicações sobre a vida em momentos sem palavras.

Encontrei quando me despedi o que achei que havia perdido em mim.

Apaixonei-me. Por pessoas, por lugares, por detalhes.

Vivi sonhos. Sonhei uma vida.

Aprendi a calar o medo com o estalo de um beijo.

Aprendi a calar o mundo com uma canção.

Construí castelos de areia que vi serem desmanchados com um sorriso.

Porque é tudo efêmero.

Porque o medo é passageiro, porque as pessoas vão embora, porque o que fica é o que experimentamos.

Do vento

Postado em: por Marcio Carvalho em

Gosto sempre de imaginar seus cabelos ao vento.

Porque é a síntese de como imagino você.

O balanço, os infinitos desenhos e padrões formados.

Gosto quando o cabelo encobre parcialmente seus olhos.

Acho que é o momento em que é mais fácil se perder neles.

Ou se encontrar.

Do que aprendi.

Postado em: dezembro 07, 2010 por Marcio Carvalho em

Olhos mais lindos que a mais preciosa pedra buscam por uma explicação onde só há o caos. E nesse caos, ela percebe que a ordem é apenas um ponto de vista.

Da dor

Postado em: por Marcio Carvalho em

A palavra corta mais profundo e fere mais permanentemente que a lâmina.

De você

Postado em: por Marcio Carvalho em

O que sinto é sujo.

É feito de pensamentos sórdidos, de saliva, de pele, de gemido, de dor, de prazer e de gozo.

O que sinto é lírico.

É feito de versos, de poemas escritos em papel de guardanapo, é feito de canções, de olhares.

O que sinto é épico.

É feito de longas despedidas, de brigas, de fugas, de choro de madrugada.

O que sinto é fulgaz.

É feito de momentos transitórios, é feito de detalhes que passar, de cores que desbotam.

O que sinto é profundo.

É feito de coração, corpo, alma, sangue e sonho.

O que sinto é feito de você.

Da felicidade

Postado em: por Marcio Carvalho em

De mãos dadas, eles olham o céu noturno.

As estrelas iluminam os dois em uma luz pálida e levemente azulada.

Eles ficam em silêncio. O mundo fica em silêncio. O universo fica em silêncio.

E ali, naquele instante, eles são felizes.

Do que se procura

Postado em: por Marcio Carvalho em

"Você devia se deixar levar pelo que sente."

"Mas eu não posso. Eu sinto demais, quero demais. E tudo o que sinto e quero muda o tempo todo. E se eu me perder?"

"E se você se achar?"

Da verdade

Postado em: por Marcio Carvalho em

A vida é injusta.

Como é injusto o coração.

Egoísta, carente, amoral.

O coração não ouve nada além de suas próprias batidas.

Da dança

Postado em: por Marcio Carvalho em

Eles dançam no meio do salão. Os refletores os iluminam, criando uma atmosfera de ilusão no mundo. Nas sombras, os olhos de todos os convidados os observam, alguns com esperança, outros com inveja. Mas sempre com a reverência de quem assiste a algo único.

A música preenche o ar.

Os olhos dele cruzam incessantemente o olhar dela.

Ele acaricia de leve a mão dela, enquanto eles se movem na dança.

No silêncio dela, ele ouve promessas de amor eterno. Mas dos seus lábios ele ouve o afastamento das palavras.

Ela deseja ser guiada, mas o medo e as dúvidas a seguram.

Ele deseja que a dança dure para sempre. Deseja calar as palavras receosas dela com um beijo.

Ele quer ser o par dela eternamente.

O corpo dela responde a esse desejo. Os olhos dela respondem aos olhares dele.

O coração dela bate em uníssono com o coração dele.

Mas perto do último acorde, ela hesita.

Do que perfura

Postado em: por Marcio Carvalho em

O coração perfurado sangra.
O líquido rubro escorre, lenta e continuamente.
O órgão bombeia o próprio sangue para fora.
Uma dor agonizante toma o peito.
Aos poucos a dor se torna um vazio.
A seta é precisa em sua trajetória.
Sempre, sempre acerta o alvo.
Com uma ponta de ferro chamada amor.