Do sangue
Postado em: fevereiro 17, 2011 por Marcio Carvalho emEle faz o corte no pulso dela.
Ela tenta puxar o braço, mas ele a segura. Eles se olham nos olhos e ela esquece da dor.
Ele toca com os dedos a ferida. O líquido vermelho e quente escapa do corpo dela.
O coração dela dispara. Ela não sabe o que dizer, não consegue pensar em mais nada além dos olhos dele, do aperto gentil e firme mão dele em seu braço e em seu próprio sangue.
Ele começa a beijar o braço. A língua escapa de tempos em tempos da boca e ela a sente úmida e quente na sua pele. Ele desce em direção ao corte.
Ela geme. Quer dizer não, quer dizer para ele parar, mas sua voz é só um sussurro.
A língua dele toca o corte. Ela para. Olhos fixos nele.
Ele sente o gosto do sangue dela. A pressão de sua língua libera o sabor férreo e vermelho. Ele a olha, excitado, extasiado.
Ela busca instintivamente a boca que lhe beija. Sente os lábios dele. E sente o gosto do próprio sangue.
Uma sensação estranha invade-lhe o corpo. Sente que ultrapassou um limite, que foi mais forte que o medo da própria morte.
Sente que não é mais a menina que entrou naquele quarto. Agora ela pertencia a ele.