Da saudade

Postado em: abril 26, 2011 por Marcio Carvalho em

Queria escrever-lhe todas as canções de amor do mundo.

Se fosse essa a cura para o que me mata aos poucos.

Amor corrói. Amor absoluto corrói absolutamente.

Queria beber ao seu lado. Nem que fosse o nosso último gole.

Baco entenderia ao que bebemos.

Eu brindaria ao que é imortal.

Eu brindaria aos filhos que teríamos um dia.

Eu brindaria ao que não existe no mundo, mas é real.

Mas essa saudade que me mata, sempre, sempre.

Essa voz que me manda não ir embora, mesmo sob os seus pedidos.

Mas eu bebo ao nada, hoje.

Bebo ao silêncio.

Bebo aos sussurros de "por favor, não vá!"

Te amo.

Te amei.

Te amarei.

Não. O tempo não cura.

Porque não é doença.

Porque não é mal.

O tempo guarda. O tempo me faz esperar.

És minha. Minha. Minha,

Como só você sabe ser.

Do egoísmo

Postado em: fevereiro 27, 2011 por Marcio Carvalho em

Me deixa ser um egoísta, hoje.
Porque quero - ou preciso - dizer que eu queria dormir com você essa noite.
E sentir o seu cheiro no meu cheiro,
Sentir suas pernas entre as minhas pernas,
Seu lábio pedindo o meu lábio,
Sua língua na minha língua.

Queria ouvir o seu gemido nos meus ouvidos,
Sentir a sua unha na minha pele,
Meus dentes no seu pescoço.

Queria sentir o meu corpo dentro do seu corpo.
Queria sentir os seus olhos nos meus olhos.

Queria sentir você chamando o meu nome essa noite.

E depois, no silêncio, queria ouvir sua respiração serena de quem encontrou paz.
E sua cabeça encostada no meu peito.

E queria te chamar de meu amor, minha mulher, minha escrava, minha senhora.

Queria te escutar sonhar e se remexer na cama.

Queria essa noite te amar e te amar,
E te fazer esquecer.
E te fazer recordar de mim.

E te fazer minha.
Minha.

Minha.

Me deixa ser egoísta essa noite e querer o melhor de nós dois.
Me deixa te pedir pra ficar.
Me deixa te fazer feliz essa noite.

Não me deixa o silêncio, hoje.

Me deixa você.
Me dá essa que escapa pelos meus dedos todas as noites.

Minha alma febril chama você.
Só você é o veneno que me mata essa saudade vil.
Só da sua boca brota esse mel que me rouba a vida e me faz eterno.

Me deixa ser egoísta e gritar para você que nós somos a única coisa que faz sentido.
Pega na minha mão por hoje.
Só por hoje.

Me ama só por hoje.

Me deixa ser egoísta essa noite e dizer que eu queria te ouvir dizer
"Fica".

Do sangue

Postado em: fevereiro 17, 2011 por Marcio Carvalho em

Ele faz o corte no pulso dela.

Ela tenta puxar o braço, mas ele a segura. Eles se olham nos olhos e ela esquece da dor.

Ele toca com os dedos a ferida. O líquido vermelho e quente escapa do corpo dela.

 O coração dela dispara. Ela não sabe o que dizer, não consegue pensar em mais nada além dos olhos dele, do aperto gentil e firme mão dele em seu braço e em seu próprio sangue.

Ele começa a beijar o braço. A língua escapa de tempos em tempos da boca e ela a sente úmida e quente na sua pele. Ele desce em direção ao corte.

Ela geme. Quer dizer não, quer dizer para ele parar, mas sua voz é só um sussurro.

A língua dele toca o corte. Ela para. Olhos fixos nele.

Ele sente o gosto do sangue dela. A pressão de sua língua libera o sabor férreo e vermelho. Ele a olha, excitado, extasiado.

Ela busca instintivamente a boca que lhe beija. Sente os lábios dele. E sente o gosto do próprio sangue.

Uma sensação estranha invade-lhe o corpo. Sente que ultrapassou um limite, que foi mais forte que o medo da própria morte.

Sente que não é mais a menina que entrou naquele quarto. Agora ela pertencia a ele.

Do que não deixamos para trás

Postado em: por Marcio Carvalho em

Como convencer o mundo a parar alguns instantes, só para eu poder ir aí e te raptar pra dentro do meu mundo? Me diz? Me explica o que tenho que fazer.

Porque eu não sei se sei viver para sempre sendo essa pessoa que procura você em todos os lugares.

Quando a dor chega, no final de um dia especialmente ruim, eu queria encostar a cabeça em você, em silêncio e sentir a sua mão acariciando de leve o rosto.

Me explica como virar essa moral do avesso pra fazer todos perceberem que você deveria estar aqui e não aí?

Me ensina a te abraçar do jeito que faz que todas as dúvidas morram no calor dos nossos corpos?

Deixa o beijo e não os olhos nos guiar.

Sente a alma e não o medo.

Ouve a batida do coração e não o clamor dos relógios dos homens.

Dorme com o coração calmo, pois apesar de tudo, o mundo vai seguir.

E os erros só são erros quando nos arrependemos.

Do amor

Postado em: por Marcio Carvalho em

O amor é feito de post-its amarelos, bombons e olhares à distância.

Do nascer

Postado em: por Marcio Carvalho em

Eram criaturas especiais.
Crianças perdidas, amantes sem pares, andarilhos das nuvens.

Dentro deles, um mundo pulsava em cores que não encontravam semelhança no mundo que os outros chamavam de real.

E tudo era para eles novo, caminhavam por caminhos que nenhum dos dois havia trilhado antes. E caminhavam com o olhar da criança.

E esse era seu segredo.

Das coisas que se perde

Postado em: fevereiro 16, 2011 por Marcio Carvalho em

Eu perco um pouco de mim todos os dias.

Pra me encontrar de novo quando seus olhos cruzam os meus.