De pactos, segredos e lágrimas

Postado em: outubro 18, 2010 por Marcio Carvalho em

Ela cede ao imperativo do próprio corpo e beija-o violentamente, com a intensidade de alguém que luta contra si mesmo.

Não há sons além de gemidos e o barulho rápido da respiração deles. Ela prefere que seja assim. Teme que se alguma palavra for dita, todo o momento pode ser perdido, sobrando-lhe só a vergonha e o desejo não satisfeito.

As roupas caem ao chão, jogadas. Não há delicadeza, não há cuidado. Estão ali para atrapalhar. Estão ali só para lembrar que lá fora há um mundo com regras. Mas dentro daquele quarto as regras do mundo externo estão banidas.

Os corpos se tocam, lânguidos, em busca um do outro. Ela se sente quente. Ele a segura firme e a deita na cama.

Os olhares se cruzam. Segredos são trocados entre as batidas de dois corações.

Os corpos se cruzam. Ela o puxa para si com força.

Não é sexo que eles estão fazendo. Tampouco eles fazem amor.

Ela sabe que eles estão fazendo um pacto.

Ela quer sentir a alma dele dentro de si. Ela quer que ele nunca saia de dentro dela. Ela quer que as roupas jogadas no chão nunca mais sejam usadas. Ela quer que a porta do quarto nunca mais seja aberta.

Os sentimentos que ela experimenta ali, naquele quarto são novos. Seu coração enche-se de repostas pela primeira vez.

Uma lágrima escorre brilhante do rosto dela e some em direção ao colchão.

Ela quer morrer ali. Porque qualquer outra alternativa seria insuportável.