Mariposa

Postado em: agosto 31, 2010 por Marcio Carvalho em marcadores: , ,

Ele olhou a mariposa batendo incessantemente nas grandes clarabóias de vidro no teto, enquanto a poucos metros ao lado, grandes aberturas nas paredes levavam à liberdade do mundo externo.

O inseto insistiu por muito tempo, jogando-se com toda a força que tinha contra o vidro, seguindo sua programação interna que o guiava ao azul do céu.

Os choques ficaram menos frequentes. A mariposa parecia estar cansada e ferida. As asas batiam com cada vez menos força, até que não conseguiu mais atingir o teto. Seu vôo foi perdendo força e altura, até que, rendendo-se à morte inevitável, deixou-se cair.

Ele foi até o local onde o inseto alado jazia, as asas ainda batiam, mas não conseguia mais voar.

Olhando para as grandes aberturas nas laterais do prédio, o homem abaixou-se e delicadamente colocou a mariposa na palma da mão.

Levou-a com cuidado para não danificar ainda mais o pequeno corpo, esperou uma brisa um pouco mais branda passar e soltou a mariposa no ar. Imediatamente ela começou a cair.

Ele olhou-a, imaginando em um instante que o pior já havia acontecido e a mariposa iria cair inerte na rua mais abaixo. Porém, viu que as pequenas asas começaram a se agitar e ainda que lentamente, a mariposa afastou-se do prédio, rumo ao seu futuro.

Ele seguiu o vôo, pensando em como a cena inteira lembrava-lhe de si próprio.