Do fascínio

Postado em: setembro 02, 2010 por Marcio Carvalho em

O fascínio pelo fogo me acompanha há muitos anos. Lembro de quando eu era criança, quando chovia muito e as luzes apagavam.

Lembro de ficar em meu quarto, com a vela acesa, vendo a chama comandar um elenco de sombras que dançavam nas paredes. E eu ficava ali, fascinado pelo brilho, pelo calor, pelo poder do fogo de consumir.

Lembro da reverência em forma de temor que eu tinha da chama. Sabia que se ela consumisse toda a vela, a escuridão venceria e na minha imaginação, todo o conforto que a luz traria também se extinguiria. Quem saberia dizer que terrores estavam aguardando nas sombras pelo fim da luz.

Lembro que na minha arrogância infantil, eu brincava de controlar o fogo. assoprava de leve a vela, tentando descobrir o quanto mais de vento ela poderia aguentar sem se apagar. Brincava também de passar rapidamente com os dedos por sobre a chama, imaginando que eu a controlava e que ela não me queimaria, se assim eu quisesse.

Mas no fundo, ainda assim eu tinha medo de que a vela se apagasse com um assopro mais forte, ou que eu calculasse mal a passada e queimasse a mão.

O fogo sempre tem o controle.

E é isso que fascina.