masquerade

Postado em: julho 04, 2010 por Marcio Carvalho em

"prefiro alguém que me olhe com raiva, lágrimas nos olhos e mágoa do que alguém que só sorria.

prefiro a verdade de sentimentos conflitantes, de camas vazias, de despedidas finais do que um olhar falso de aprovação."


máscaras...

ela as toca, uma a uma, com uma delicadeza quase maternal. penduradas na grande sala, milhares de cópias de um mesmo rosto, diferentes apenas na emoção que cada uma demonstra em suas linhas.

uma em especial é guardada no centro da sala. a mulher a olha por longos momentos, lembrando-se de um final de tarde, quando ela ainda era criança. sentada no canto do quarto, os braços abraçando os próprios joelhor, ela olhava para o chão, enquanto uma tempestade arrasava cada sonho, cada esperança. a dor física começava a passar, mas por dentro ela ainda gritava.

no meio da escuridão, uma pequena fagulha pareceu brilhar, capturando os olhos vermelhos da menina. a máscara de um rosto quase idêntico ao seu estava ali, jogada aos seus pés. mas aquele rosto no chão parecia completamente feliz.

a menina olhou aquilo com uma curiosidade enorme. a pequena mão lentamente tocou o rosto sem marcas, sem dores, sem mágoas. vacilante, ela pegou a máscara nas mãos e a levou ao rosto.

e então, sob as aberturas para os olhos da máscaras, o mundo pareceu mudar. as pessoas não podiam mais enxergar a vergonha que ela carregava de si. toda a dor, todos os xingamentos, toda a vergonha sumiu. por trás das aberturas, ela era feliz. era assim que o mundo a via.

e por toda a vida, ela criou  máscaras, cópias de seu rosto, mais adequadas para os momentos em que era doloroso ou revelador demais mostrar a realidade.